Na acusação, a Procuradoria-Geral da República diz que a deputada do PL não tem autorização para usar arma de maneira ostensiva em via pública e pede que ela seja multada em R$ 100 mil por danos morais coletivos.
A Procuradoria-Geral da República denunciou ao Supremo Tribunal Federal a deputada Carla Zambelli, do PL, por porte ilegal de arma de fogo.
As cenas em que a Procuradoria-Geral da República se baseou para tomar a decisão foram gravadas no dia 29 de outubro do ano passado, um dia antes do segundo turno das eleições.
A deputada bolsonarista Carla Zambelli discutiu com um apoiador de Lula em uma rua de um bairro nobre de São Paulo.
Em um vídeo é possível ver o começo da confusão. O jornalista Luan Araújo diz alguma coisa para Zambelli, que estava no meio de um grupo de pessoas. Ele vira as costas e começa a caminhar, se afastando. Ao tentar ir atrás de Luan, a deputada bolsonarista tropeça e cai. A deputada se levanta com a ajuda de um homem que ela alega que é segurança particular e corre atrás de Luan. O segurança corre também. Ele saca uma arma no meio da rua e aponta na direção de Luan, que continua correndo. As pessoas berram e a câmera foca o chão da rua. Nesse momento é possível ouvir o som de um tiro,
Um outro homem, usando uma blusa azul, tenta passar uma rasteira e derrubá-lo, mas ele consegue fugir. Carla Zambelli e seus apoiadores continuam correndo na direção dele.
Testemunhas também filmaram o momento em que a deputada aparece atravessando a rua com uma arma em punho, entra numa padaria e manda Luan se deitar no chão.
De outro ângulo, dá para ver que ela continua apontando a arma para Luan depois de ele se sentar em uma cadeira. Um outro homem, usando uma camiseta azul, abraça Carla Zambelli tentando acalmá-la.
Na acusação, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, afirmou que "mesmo que ostente o porte de arma de fogo de uso permitido para defesa pessoal, Carla Zambelli não detém autorização para o manejo ostensivo do armamento em via pública e em local aberto ao público contra pessoa do povo que não ensejava qualquer mal, ameaça ou perigo concreto à vida ou à integridade física sua ou de terceiro", e que "a permissão do porte de arma de fogo conferida à denunciada se destina única e exclusivamente à sua defesa pessoal”.
A Procuradoria afirmou ainda que, “ao sacar a arma, Zambelli colocou a todos em perigo, que a utilização ostensiva de armamento em via pública modificou a situação de perigo abstrato para situação de perigo concreto, não só em face de Luan Araújo contra quem foi dirigida a ação, como em face de toda a coletividade”.
A procuradora pediu ao Supremo Tribunal Federal que a deputada seja multada em R$ 100 mil por danos morais coletivos, que perca a pistola usada no crime, já confiscada pela Polícia Federal a pedido do ministro do STF Gilmar Mendes - na época, Gilmar Mendes chamou de estarrecedora a tentativa de resistência da deputada em entregar o armamento -, e pede ainda que tenha o porte de arma definitivamente cancelado.
A denúncia é uma acusação formal do Ministério Público contra a deputada na Justiça. Se a denúncia for aceita pelo STF, Zambelli vai se tornar ré e terá de responder a uma ação penal.
Carla Zambelli afirmou que vai apresentar a defesa no decorrer do processo, que possuía porte de arma legalmente autorizado pela Polícia Federal e que sacou a arma depois que foi dada voz de prisão à pessoa que a agredia e ameaçava.
G1