domingo, 24 de maio de 2020

Coronavírus avança em comunidades quilombolas, que já somam 26 mortes

QUILOMBOS EVANGELIZADOS? - Gazeta de Alagoas - Evoluindo a informação
O avanço da covid-19 não se dá apenas nos centros urbanos, comunidades rurais também estão preocupadas com o avanço da doença. Os quilombos brasileiros já notificaram 26 mortes, conforme o último levantamento divulgado pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq).
De acordo com a entidade, os dados revelam uma alta taxa de letalidade da doença entre os quilombolas. Já são 150 casos confirmados com média de um óbito a cada dois dias. “A desigualdade do enfrentamento ao coronavírus, que já se mostra evidente nas periferias urbanas, terá um impacto arrasador nos quilombos, se a doença mantiver este ritmo de alastramento e letalidade”, afirma a Conaq.
A quilombola Givânia Maria da Silva, doutoranda em sociologia na Universidade de Brasília (UnB), pontua que as dificuldades encontradas nos quilombos para conter o vírus são uma “extensão do que as comunidades já vivem historicamente”. A falta de acesso às políticas públicas de saúde, de educação de infraestrutura, além da falta de regularização dos quilombos são alguns dos problemas estruturais citados por Givânia que contribuem para a crise nas comunidades. 
Enquanto a Fundação Cultural Palmares, instituição ligada ao Governo Federal, registra cerca de 4 mil quilombos no país, o movimento quilombola, por meio da Conaq, reconhece aproximadamente 6 mil. Conforme explica Givânia, quase duas mil comunidades quilombolas não podem produzir nas terras que habitam por não terem o registro governamental. Dessa forma, a população é obrigada a se locomover para a cidade em busca de trabalho. 
“O alastramento maior (da doença) nos quilombos é, sobretudo, em comunidades que têm mais contato com as cidades”, afirma a especialista. Além das questões de sustento e renda, grande parte da população das comunidades precisa se dirigir às cidades em busca de atendimento de saúde. 
A Conaq afirma que “situações de dificuldades no acesso a exames e de negação de exames a pessoas com sintomas têm sido relatadas pelas pessoas dos quilombos”. Givânia pontua que as comunidades e o movimento quilombola estão agindo por conta própria: “O governo não tem atuado em absolutamente nada na linha de proteger as comunidades quilombolas”.

Resposta
Outro ponto de preocupação é a falta de acesso à internet, energia e telefones celulares dentro dos quilombos, que, segundo ela, dificulta a solicitação do auxílio emergencial de R$ 600. De acordo com a Conaq, governos estaduais e federal não disponibilizaram amparos emergenciais e medidas de proteção efetivas aos quilombos no Brasil. “Infelizmente, já temos estragos e não temos a ilusão de que ficará apenas nisso”, afirma a quilombola. 
Como resposta, o Ministério da Saúde pontua que “é responsável pela articulação de ações e fomento a políticas públicas”, mas que cabe aos gestores municipais a organização, execução e gerenciamento dos serviços e ações locais que garantam o acesso das populações quilombolas nos seus territórios.
O Ministério da Cidadania afirma que as orientações para movimentação e saque do auxílio estão publicadas na cartilha para Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos, disponível no site do órgão. Dentre as soluções pontuadas pelo conteúdo está a locomoção até centros urbanos e acesso ao site ou aplicativo, além da obrigatoriedade de um número de celular. Procurado, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos não respondeu até o fechamento desta matéria. 

Auxílio de emergência
A Câmara aprovou, na quinta-feira (21/5), a criação e um plano emergencial para os povos indígenas durante a crise da covid-19. O projeto prevê a garantia às comunidades ao acesso a insumos para manutenção das condições de saúde. O texto vai agora ao Senado.
A relatora do projeto foi a deputada indígena Joenia Wapichana (Rede-RR). “Reforço a importância de um plano emergencial para os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, justamente porque são grupos mais vulneráveis em nosso país e que precisam de um fortalecimento de suas políticas públicas e do apoio dos estados e municípios, que têm pouca estrutura, principalmente aqueles que estão dentro, enfrentando esta pandemia de perto”, disse.
O plano prevê acesso à água potável e distribuição gratuita de materiais de higiene, limpeza e desinfecção para comunidades indígenas. Além disso, o texto também determina a garantia de equipes multiprofissionais de saúde indígena, que possam fazer quarentena antes de entrarem no território e tenham acesso a equipamentos de proteção individual. O projeto aborda ainda o acesso a testes e medicamentos. Também trata de estrutura para o atendimento aos povos, como, oferta emergencial de leitos e ventiladores.
O plano emergencial deverá ser coordenado pelo governo federal, pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), a ser executado em conjunto com estados, Distrito Federal e municípios. O substitutivo determina que a União deverá liberar, de maneira imediata, recursos à Sesai em valor ao menos equivalente ao orçamento deste ano com o objetivo de priorizar a saúde indígena em razão da pandemia.
Serão atendidos pelo plano indígenas aldeados ou que vivem fora das suas terras em áreas urbanas ou rurais e os povos indígenas vindos de outros países e que estejam provisoriamente no Brasil. Quanto aos quilombolas, incluem-se aqueles que estejam fora das comunidades em razão de estudos, atividades acadêmicas, tratamento de sua própria saúde ou de familiares. O relatório prevê a construção de casas de campanha para situações que exijam isolamento de indígenas nas suas aldeias ou comunidades.


Neste final de semana acontecerá mais dois jogos pelo Campeonato de Futebol de Campo de Carnaíba

A Diretoria de Esportes anuncia as próximas partidas do Campeonato de Futebol de Campo: Próximo sábado, 20 de abril, se enfrentam no gramado...